Cortam-se as verbas; Cortem-lhe as pernas

É fato: o governo Lula deveria ter realizado a tão sonhada reforma política durante o segundo mandato. Hoje, o que colhemos são frutos de pontos frágeis e soltos de um governo mais que estigmatizado. Todos apontam os déficits e não sabem olhar para o preço do terno e gravata que vestem. O desmonte das universidades e institutos federais é não só pretexto – como brilhantemente trabalhado em uma das tirinhas de Armandinho – mas é também afronta. Afronta à primeira geração de pobres diplomados em meio à ricos engravatados. O desgoverno Bolsonaro é nada mais que a materialização da insatisfação das pequenas elites com a elevação da condição das massas.

Os cortes promovidos pelo ministro Weintraub antes representavam ameaças diretas à Universidades que haviam recebido eventos políticos com tom de oposição. Os despreparos da situação tentaram, em primeiro momento, garantir que a perseguição política fosse engendrada travestida de moralismo. Não se deve tocar no formigueiro. A reação imediata dos inúmeros possíveis afetados fez com que a falta de experiência e a rasa capacidade intelectual do desgoverno fosse escancarada e posta à prova. O falso moralismo travestido não foi o suficiente para sublevar a todos. Os cortes se estenderam à esfera nacional. Não se deve tocar no formigueiro.

Do bueiro, surgiram os clássicos defensores cegos do falso moralismo. Atentam que o governo Dilma também foi agente de cortes à educação. É aí que reside a falta de capacidade de exercer o pensar. Durante esse período, a educação também respondeu. Greves de 6 meses, manifestações, atos que conseguiram reverter a situação e que garantiram o exercício do saber crítico nas Universidades e Institutos Federais. Não adianta trazer a régua moral da Revolução Francesa à esses episódios. Defender a Universidade não é coisa de esquerdista. Mas afinal, o que leva o gado robotizado de Jair Bolsonaro continuar sua admiração cega ao ídolo da caverna? A resposta é simples. A Universidade nunca atendeu os seus falsos dilemas.

Não precisamos provar que o Ensino Superior é palco de transformações, rupturas, de pensar além do pragmático. Eles já sabem disso. E é por isso que defendem a morte gradual dessas instituições. Não aceitam que sejamos agentes da produção intelectual, porque em nossa composição não existe homogeneidade. Não somos todos brancos, engenheiros, residentes da Zona Sul, de direita e defensores da “moral e dos bons costumes”. Somos uma massa heterogênea que ousa unir o conhecimento ao afronte. Não nos calamos perante à balbúrdia que impera em Brasília. Apontam dedos alegando que somos tudo o que eles representam.

Presidente Bolsonaro, Ministro Weintraub, fica o convite para que reservem 4 anos das miseráveis vidas que levam em Brasília e vivenciem a dificuldade de graduar-se em uma Universidade que sofre ataques diretos – como os cortes promovidos pelo desgoverno que tanto ousam dizer que é mudança – e indiretos – como as inúmeras alegações de que somos campo de produção ineficaz e que não somos resposta direta ao contribuinte – todos os dias. Vocês não conseguiriam. O sonho de vocês é que deixemos de existir. É aqui, na residência do saber que a queda de vocês começa. Somos hoje o que vocês nunca serão: conscientes. Cortem nossas verbas. Cortem nossos direitos. Não vão cortar nossa língua. Vamos cortar suas pernas. E não irão a lugar algum. Serão fadados ao esquecimento. Do bueiro de onde vocês vieram não tem janela pra ver o filho do pedreiro com diploma na mão. Respeitem os Institutos Federais. Voltem para os bueiros da vida mesquinha que levam.

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